Já alguma vez sentiu-se incapaz de gerir emoções que lhe provocam stress, ansiedade e angustia?
A falta de autocontrolo/autogestão emocional, isto é, a incapacidade ou a capacidade pouco desenvolvida de gerir emoções, prejudica a eficácia no trabalho e na vida pessoal.
Daniel Goleman, escreveu um artigo para a Mindful.org, onde nos ajuda a compreender um pouco melhor alguns conceitos.
O que é o autocontrolo emocional?
O autocontrolo emocional é a capacidade de gerir (e não suprimir) emoções perturbadoras e permanecer eficaz, mesmo em situações stressantes. Precisamos das emoções positivas para ter uma vida plena, mas também precisamos de nos permitir o espaço e o tempo para sentir e processar as emoções difíceis. Uma coisa é desabafar com um amigo, numa conversa sincera, outra é libertar a sua raiva ou frustração no trabalho. Ao treinar o seu autocontrolo emocional é possível gerir emoções desestabilizadoras, mantendo a calma e a clareza.
Por que motivo importa?
O nosso cérebro foi desenhado como uma ferramenta de sobrevivência, tendo nele a amígdala, o nosso radar para as ameaças. Se a amígdala deteta uma ameaça, ela “sequestra” o resto do cérebro, particularmente o córtex pré-frontal, assumindo o total controlo. Durante o dito “sequestro”, perdemos a capacidade de aprender e confiamos em hábitos já aprendidos nos comportamentos repetidos. Não conseguimos inovar ou ser flexíveis durante um esse “sequestro”.
A nossa atenção fica limitada, focando-se inteiramente na ameaça. Se estiver no seu local de trabalho quando ocorre esse “sequestro” de amígdala, não vai conseguir concentrar-se no que o seu trabalho exige – porque só vai pensar sobre o que lhe está a incomodar. A nossa memória também fica confusa, de modo que só nos lembramos mais prontamente do que é relevante para a ameaça – e não nos conseguimos lembrar de outras coisas tão claramente.
Como melhorar e desenvolver o nosso autocontrolo emocional?
Para minimizar os sequestros provocados pela amígdala, temos que ter outra competência emocional trabalhada, a autoconsciência, que permitirá termos mais atenção aos nossos sinais internos – através da atenção plena (mindfulness) conseguimos detetar as nossas emoções destrutivas e perceber quando elas começam a aparecer e a crescer, antes de dar-se o sequestro.
Se não notarmos que a nossa amígdala “sequestrou” a parte racional do nosso cérebro, iremos ter mais dificuldade em recuperar o equilíbrio emocional. É melhor saber como pará-lo antes que ele vá longe demais.
E como?
Através da atenção plena. Olhe para dentro de si e tente entender o que vai na sua mente. Compreenda o “Estou realmente chateada/o agora” ou “Isto está a começar a deixar-me irritado/a” e “oiça” o seu corpo (ombros tensos? Aperto no estômago?). Se entender os sinais, conseguirá pará-lo a tempo.
Depois, pode tentar uma abordagem cognitiva: convença-se a sair dessa situação, racionalize consigo próprio. Podendo também intervir biologicamente. Meditação ou técnicas de relaxamento que acalmam o corpo e a mente, como a respiração com o diafragma, são muito úteis. Procedimentos como a atenção plena trabalham melhor durante o “sequestro”, se os praticar regularmente.
A menos que estes métodos se tornem um forte hábito da mente, não conseguimos invocá-los do nada.
Tradução adaptada de https://www.mindful.org/emotional-self-control-matters/