É comum ouvirmos dizer que a felicidade traz bem-estar. Mas será que é sempre assim?
Um estudo publicado na Perspectives on Psychological Science em 2007/8, defende que querermos atingir o extremo de felicidade pode ser mais prejudicial do que atingirmos valores moderados. Investigadores da Universidade de Virgínia, Illinois e Michigan State (EUA) analisaram dados do World Values Survey sobre influências económicas, sociais, políticas e religiosas e também estudaram os comportamentos e atitudes de 193 alunos da Universidade de Illinois.
Os investigadores explicaram que muitos indicadores de sucesso e bem-estar (como os relacionamentos pessoais, emprego, saúde e longevidade) estão correlacionados com uma maior felicidade. No entanto, as suas descobertas desafiam a ideia comum que todas as medidas positivas aumentam em proporção com o nível de felicidade. Os indivíduos que se classificaram a eles próprios como mais felizes (10 numa escala de 10 pontos) estavam em alguns aspectos, piores do que aqueles que tinham um resultado ligeiramente inferior.
O estudo hipotetizou que as pessoas felizes (classificando-se a elas próprias como 8 ou 9) podiam ser mais bem sucedidas em alguns aspectos do que aquelas que se consideravam no topo da escala.
As pessoas profundamente felizes podem ter menos tendência a modificar o seu comportamento ou a ajustarem-se a mudanças externas, mesmo quando alguma flexibilidade poderia trazer vantagens. Os dados do World Values Survey suportaram essa hipótese.
O estudo que fizeram com os 193 alunos também revelaram um padrão similar. Os estudantes foram categorizados como infelizes, ligeiramente felizes, moderadamente felizes, felizes ou muito felizes. O sucesso em categorias relacionadas com o desempenho académico aumentaram tanto como a felicidade aumentou, mas decresceu ligeiramente para os alunos que se classificaram como muito felizes. No entanto, o grupo muito feliz teve um resultado ligeiramente superior em factores sociais (amizades, confiança).
Outros estudos anteriores que ligam a saúde às emoções, descobriram que as pessoas extremamente felizes que são diagnosticadas com doenças sérias, nem sempre mostram melhores resultados. É especulado que isto acontece porque estas pessoas não se preocupam o suficiente sobre assuntos críticos que afectam a sua própria sobrevivência. A sua felicidade extrema faz com que se preocupem menos e procurem menos soluções mais activas para resolver os problemas de saúde.
Então, a felicidade significa mais bem-estar, mas quando atingimos níveis extremos de felicidade, perdemos em vários aspectos que estão relacionados ao bem-estar.
Ed Diener, professor de Psicologia da Universidade de Illionois concluiu o estudo indicando:
“Se estás preocupado com o sucesso na vida, não sejas um 1, 2, 3 ou 4 (numa escala de 10 pontos). Se estás infeliz ou apenas ligeiramente feliz, podes precisar de procurar ajuda ou fazer algo que te faça mais feliz. Mas se és um 7 ou um 8, talvez sejas suficientemente feliz!”
Tradução adaptada de http://www.psyarticles.com/emotion/happiness.htm