O foco ajuda-nos a sermos pessoas bem-sucedidas. Porém, o nosso foco e a atenção tendem a ser sequestrados com alguma regularidade, fazendo-nos sentir cansada/os, esquecida/os e incapazes de manter a concentração.
Quantos de nós já não pensámos para os nossos botões:
- Sinto-me completamente sobrecarregada/o;
- Sem ser trabalhar, nunca tenho tempo para mais nada;
- Sinto-me exausta/o, física e mentalmente, e distraio-me constantemente no escritório.
Contudo, importa perceber se são apenas as distrações constantes e a falta de tempo que cortam o nosso foco ou se também podemos estar sob stress crónico.
O stress crónico inunda o nosso organismo com cortisol e adrenalina, que diminui as funções cognitivas importantes. Durante décadas foram realizados vários estudos onde demonstram os efeitos negativos do stress sobre o foco, memória e outras funções cognitivas.
Os resultados são consistentes – o stress de curto prazo eleva os níveis de cortisol (a chamada hormona do stress) por períodos curtos, que, por sua vez, nos ajuda a sentir motivada/os a realizar algo de forma mais eficiente e num curto espaço de tempo. Por sua vez, o stress prolongado pode levar a níveis elevados de cortisol no nosso organismo e isso pode ser tóxico para o cérebro.
Quando não nos conseguimos concentrar no trabalho, devido a distrações, isso pode-nos levar a sentir stress por não estarmos a ser produtiva/os, o que, simultaneamente, faz-nos reduzir o nosso foco, alimentando ainda mais o ciclo. O que maioria de nós não percebe é que o foco entra em declínio até ficar completamente sobrecarregado.
Quando o esgotamento mental e emocional inicia o seu processo, drena a nossa capacidade de foco, concentração e capacidade de recuperação de informações.
Mas então porque motivo algumas pessoas se sentem afetadas e outras não?
Um grande motivo é devido à forma como quebram este ciclo! Há pessoas que usam a sua Inteligência Emocional para gerir de forma mais eficaz esse stress e potenciá-lo a seu favor, ao em vez de se deixarem afundar por ele.
E como?
Primeiro devemos utilizar a nossa autoconsciência e questionarmos:
- Porque motivo sinto-me stressada/o e ansiosa/o?
Antes de lidares com o stress, precisas perceber porque motivo estás stressada/o. Por mais tolo que possa parecer, pode ser bastante útil fazeres uma lista das tuas “fontes de stress”.
Aponta num caderno ou num documento no teu computador, cada coisa na tua vida pessoal ou profissional que te está a provocar ansiedade. Depois categoriza cada coisa em “situações que tu tens o poder mudar” e “situações em que tu nada podes fazer para as mudar”.
Para os elementos que estão na última categoria, vais ter que descobrir como mudar a tua atitude face a eles.
- Porque motivo estou a perder a minha capacidade de concentração?
De acordo com alguns psicólogos clínicos, uma forma de aprimorar o nosso foco é entender, em primeiro lugar, para onde, quando e como a nossa mente vagueia quando mais precisamos dela focada.
Ao prestar atenção aos padrões que nos levam à falta de foco, podemos começar a desenvolver técnicas preventivas para desconsiderar as distrações e mantermo-nos focados naquilo que importa no momento.
- Como me sinto quando não me consigo focar?
Quando não consegues aceder à tua memória para lembrares-te de informações, em momentos cruciais, tais como numa entrevista de emprego, numa reunião com um cliente importante, num exame ou numa apresentação altamente importante, sentes-te ansiosa/o? Sentes-te tenso e meio atordoada/o enquanto forças o teu cérebro para encontrar as palavras certas para o tal e-mail importante?
Estes “sintomas” podem ser pistas para analisares se a tua falta de concentração te está, ou não, a provocar ainda mais stress.
- Como me sinto no momento em que perco a capacidade de concentração?
Como ficas naquele momento? O que fazes? Dás por ti, realmente muitíssimo preocupada/o com algo, a conduzir, com crianças no carro, em “piloto automático” e, ao chegares a casa, não conseguires recordar o percurso acabado de fazer?
Se isto acontece, estás-te a por a ti e outros em perigo. É sinal que tens de decidir em afastar as preocupações para mais tarde!
Depois destas perguntas estarem respondidas e analisadas, podes perceber que ganhaste uma maior consciência do que te provoca o stress, como e quando perdes a tua concentração.
Em seguida, podes usar as seguintes estratégias para melhor gerires emocionalmente o stress e manteres-te focado:
- Faz uma desintoxicação digital. Um estudo realizado pela The American Psychological Association (APA) descobriu que as pessoas que estão constantemente atentas às notificações, os “constant checkers” – que estão sempre a saltitar entre verificar o e-mail, textos e redes sociais – sentem mais stress do que aqueles que não o fazem. Mesmo que tenhas o telemóvel ou o computador do trabalho, faz os possíveis para estares “psicologicamente desconectado” fora do horário de trabalho;
- Descansa o teu cérebro. Todos nós já passamos pela experiência de estar noites em claro a ruminar em problemas atuais, eventos passados, medos ou ansiedades futuras. Se estas noites forem assíduas, a privação de sono não vai tornar fácil o foco e a nossa capacidade de interpretar eventos, assim como o nosso julgamento, vão ficar afetados. Mesmo com excesso de trabalho e stressada/o faz de forma a que tenhas 7/8 horas de sono, por noite, e acredita que vais ver os benefícios rapidamente.
- Pratica a Atenção Plena (Mindfulness). Esta prática permite treinar o nosso cérebro para diminuir a nossa tendência para tirar conclusões e reações precipitadas de fácil arrependimento pouco tempo depois. A prática da Atenção Plena aumenta a rede de atenção clássica no sistema fronto-parietal do cérebro, potenciado a atenção. Ou seja, a Atenção Plena é uma das chaves essenciais da resiliência emocional, sendo esta um dos fatores principais para a rápida recuperação do stress.
- Muda o teu foco para os outros. Quando nos fixamos nas nossas próprias preocupações e medos, estamos a tirar a atenção do que verdadeiramente interessa. Estudos comprovam que ao mudar o foco para os outros, produz efeitos fisiológicos que nos acalmam e fortalecem a nossa resiliência. Se prestarmos mais atenção aos sentimentos e necessidades de outras pessoas (e preocupação genuína), podemos não só distrair a nossa mente do stress, como colher os benefícios de estarmos a ajudar alguém de quem gostamos.
Por norma achamos que temos de trabalhar ainda mais quando temos problemas de concentração. Errado. Esta prática a longo prazo não vai ser benéfica. Ao em vez disso, presta atenção aos sinais que a tua mente e o teu corpo te transmitem e cria um plano de ação para criar estratégias preventivas para dares tempo de recuperação às funções neurológicas do teu cérebro que permitem a tua concentração e consciência.
Tradução adaptada de https://hbr.org/2017/12/break-the-cycle-of-stress-and-distraction-by-using-your-emotional-intelligence