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O Efeito Vencedor

O “Efeito Vencedor” é um termo utilizado em biologia para descrever como um animal que ganhou algumas lutas contra outros oponentes mais fracos, tem depois maior probabilidade de ganhar as próximas lutas contra oponentes mais fortes.

Ian Robertson, Professor de Psicologia do Colégio Trinity em Dublin e autor do best-seller “The Winner Effect: The Neuroscience of Success and Failure“, diz-nos que este efeito também se aplica aos humanos. Robertson diz que o sucesso muda a química do nosso cérebro, tornando-nos mais focados, confiantes, inteligentes e agressivos, sendo um efeito tão forte como qualquer droga que tomemos.

Quando experienciamos uma vitória ou aquilo que percecionamos como vitória, não importa o quão pequena ou virtual (visualização) possa ser, a probabilidade que iremos ganhar o próximo concurso/jogo/evento aumenta significativamente.

Quando os animais ou humanos ganham ou percecionam que ganharam, têm um aumento de testosterona, que os ajuda na motivação e na tomada de risco, ficando mais confiantes. Esse sentido de confiança contribuiu para a nossa capacidade de ganhar o próximo jogo.

A testosterona também aumenta o nível da dopamina, o químico do cérebro que nos faz sentir bem e que é responsável pelo circuito de recompensa do cérebro. Quando a dopamina está elevada, afeta o nosso córtex pré-frontal, que é responsável pela nossa função executiva e onde temos os processos cognitivos mais importantes: resolução de problemas, planeamento, memória de trabalho. Então, conseguimos ver as opções que temos mais claramente e pensar mais rapidamente em situações de pressão.

Num estudo, os investigadores colocaram 2 ratos a lutar. Um dos ratos foi drogado, de forma a ser menos agressivo. Não surpreendentemente, o rato que não estava drogado ganhou. Depois, os investigadores colocaram o rato que ganhou, a lutar com outro rato da mesma forma física. O que verificaram foi que quando esse rato ganhava ao rato que estava drogado (e logo, mais fraco), a probabilidade desse rato ganhar outra vez a outro rato, aumentava. Mesmo quando o colocavam contra um rato maior e mais agressivo, a probabilidade de ganhar continuava a ser superior.

Este efeito também foi verificado em humanos. Por exemplo, num estudo conduzido por John Coates e Lionel Page, investigaram a base de dados de 623.000 jogos de ténis profissional. Nos jogos em que os jogadores tinham um ranking semelhante e um número de vitorias semelhantes ao longo do ano, quando estes se defrontavam, aquele que ganhava o primeiro set, ganhava o jogo 60% das vezes.

O efeito vencedor também tem um efeito a longo prazo no cérebro, devido a um fenómeno chamado neuroplasticidade. O cérebro tem a capacidade de criar novas ligações neurológicas e refazer antigas. De acordo com o Ian Robertson, uma das mais poderosas mudanças em que o cérebro é moldado é quando ganhamos. Numa série de estudos que ele fez, descobriu que ganhar não só aumenta os níveis de testosterona e dopamina no cérebro a curto prazo, mas também aumenta a longo prazo, o número de recetores de testosterona no cérebro. Esses recetores extras de testosterona significam que quando estamos num futuro jogo de ténis, por exemplo, conseguimos utilizar a testosterona presente no nosso cérebro de maneira mais eficaz e experienciamos mais os efeitos da testosterona. Isto torna-se um ciclo virtuoso, aumentando o efeito vencedor.

Então, se queremos aumentar a probabilidade de sucesso em alguma área que requeira competitividade, é importante acumularmos pequenas vitórias. Essas vitórias podem ser reais ou mesmo imaginadas, como já foi indicado. O simples facto de visualizarmos com o máximo detalhe possível, ganharmos a alguém, vai ajudar a gerar este efeito vencedor.

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