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Aumentar a Produtividade e o Bem-estar: O Impacto da Inteligência Emocional no Trabalho

Introdução

É uma crença comum no mundo do trabalho de que os colaboradores devem deixar as suas emoções “em casa” e não as levar para o trabalho. No entanto, nas últimas décadas, a investigação tem mostrado que esta ideia, além de não ser possível (pelo menos totalmente), não é desejável.

Tentar deixar as emoções em casa, significa reprimi-las, sendo que esta estratégia leva a consequências negativas na saúde e tem muitas vezes um efeito ricochete: quanto mais tentamos suprimir uma emoção negativa, mais esta aumenta de intensidade.

Adicionalmente, as emoções são uma fonte de informação preciosa e tentar inibi-las, significa deixar de ter acesso a mais dados que nos pode ajudar a nível pessoal e profissional.

Alguma investigação de António Damásio, conhecido neurocientista português da University of Iowa College of Medicine, mostra que as emoções são uma resposta adaptativa e uma parte normal do processo de raciocínio e de tomada de decisão.

Então, reconhecer, entender e gerir as nossas emoções, torna-se cada vez mais importante na nossa vida profissional. E para o conseguirmos, precisamos de desenvolver a nossa inteligência emocional.

No dinâmico mundo laboral de hoje, a inteligência emocional tem vindo a ser reconhecida como uma competência fundamental para o sucesso, não só a nível pessoal, mas também a nível profissional.

Mas o que é Inteligência Emocional?

A inteligência emocional é a capacidade de compreender, utilizar e gerir as próprias emoções de forma positiva para aliviar o stress, comunicar eficazmente, superar desafios e mitigar conflitos.

No contexto profissional, traduz-se numa melhor comunicação, numa resolução de conflitos mais eficaz e numa liderança fortalecida.

O conceito surgiu em 1990, através da publicação de um artigo científico com o título “Emotional Intelligence”, pelos autores Peter Salovey da Universidade de Yale e John Mayer da Universidade de New Hampshire, mas ficou popular em 1995, através do livro best-seller “Inteligência Emocional”, do psicólogo Daniel Goleman.

A Importância da Inteligência Emocional no Trabalho

Desenvolver a nossa inteligência emocional no trabalho pode levar a inúmeros benefícios.

1. Melhora a qualidade da comunicação.

A comunicação não é apenas o que dizemos, mas como o dizemos. Se um colaborador estiver pouco confiante, nervoso ou considerar que as outras pessoas não irão se interessar pelo que está a dizer, provavelmente irá comunicar menos e de forma menos confiante.

 
Um colaborador com elevada inteligência emocional poderá reconhecer o seu nervosismo, geri-lo de forma adequada e desconstruir a crença que outros podem não gostar do seu discurso. Estas competências emocionais levarão a que conjugue da melhor forma o conteúdo com a forma do discurso.

2. Melhora os relacionamentos.

Um mau ambiente de trabalho causa danos catastróficos numa empresa. Diminui a cooperação, colaboração e empatia e aumenta os conflitos e tensões interpessoais.


Um colaborador com elevada inteligência emocional, tende a entender mais e julgar menos, conectar-se melhor com os outros, ser mais empático e interessar-se por fomentar um ambiente profissional positivo e saudável.

3. Aumenta a produtividade.

A produtividade é o resultado de um conjunto de estados internos e comportamentos que temos. Um colaborador que se conheça bem, consiga lidar com momentos de stress, saiba ultrapassar a frustração de forma positiva, saiba se automotivar e colaborar, irá inevitavelmente produzir mais.

Travis Bradberry, autor do livro “Inteligência Emocional 2.0”, indica que 90% dos que produzem mais, tendem a ter uma maior avaliação em testes de inteligência emocional.

4. Leva a um maior bem-estar emocional e psicológico.

Grande parte dos problemas de saúde emocional e psicológica, deve-se a uma falta de regulação emocional. E embora existam fatores que nós não conseguimos controlar (fatores genéticos ou o local onde nascemos), podemos melhorar em muito a forma como lidamos com as nossas emoções.

E quando aprendemos a gerir as nossas emoções de forma mais adaptativa, temos mais probabilidade de experienciar um maior bem-estar emocional e psicológico.

Mas como podemos desenvolver a Inteligência Emocional no Trabalho?

Daniel Goleman e Richard Boyatzis, dois investigadores nesta área, abordam a inteligência emocional através de um conjunto de quatro competências. Em baixo são indicadas essas competências e como as mesmas podem ser utilizadas para trabalhar a inteligência emocional no trabalho.

  1. Autoconsciência: Aprender a refletir sobre as nossas emoções e como estas influenciam o nosso comportamento. Por exemplo, antes de uma reunião importante, podemos avaliar o nosso estado emocional, para ver que emoção estamos a transportar para a reunião.
  1. Autogestão: Aprender a controlar impulsos, pensando antes de reagir. Existem inúmeras técnicas de relaxamento e respiração, que ajudam a manter a calma sob pressão.
  1. Consciência social: Praticar a empatia colocando-nos no lugar dos outros. Ao fazermos isso, começamos a ficar menos centrados nos nossos pressupostos e entendemos que cada um em uma visão diferente sobre a mesma situação. Este foco no outro leca a um maior entendimento da situação, ajudando na resolução de conflitos.
  1. Habilidades Sociais: Devemos tentar construir relacionamentos positivos e saudáveis, pois passamos grande parte do nosso dia com as pessoas que trabalhamos. Podemos fazer isso comunicando de forma clara, ouvindo ativamente quando os outros falam connosco e mostrar genuíno interesse. Muitas vezes respondemos que se não temos interesse num assunto, não devemos gastar tempo nesse assunto. Mas considerando que todos nós temos interesses diferentes, se todos fizéssemos isso, eramos apenas indivíduos falando sozinhos.
inteligência emocional no local de trabalho

Alguns Desafios e Soluções

A implementação da inteligência emocional no local de trabalho pode enfrentar resistências culturais ou a falta de compreensão de colegas ou superiores.

É importante começar introduzindo o tema de forma formal, com pequenas palestras e workshops sobre a temática ou informal, falando do assunto e mostrando boas práticas. É importante começar pelo ganho de consciência da temática e da sua importância e trabalhar para a implementação uma cultura emocionalmente inteligente.

Em todo o processo de mudança existe resistência. A chave é a persistência, ao ponto que a mudança já não seja considerada nova e passe a ser aceite.

Conclusão

A inteligência emocional no trabalho não é apenas uma moda, mas sim uma necessidade.

É uma ferramenta poderosa que pode nos permite sermos melhores pessoas e melhores profissionais. Todos nós nascemos com emoções e elas acompanham-nos sempre. São essas emoções que podem tornar a nossa vida pessoal e profissional um sonho, como podem transformá-las num pesadelo. Então, vamos aprender e cultivar mais a nossa inteligência emocional no local de trabalho e na nossa vida pessoal.

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