O tópico da inteligência emocional tem ganho um enorme interesse, quer na literatura popular quer no meio académico.
Existem vários programas desenhados para aumentar a inteligência emocional, em vários ambientes, nomeadamente em escolas, instituições e organizações. À semelhança de vários outros construtos (i.e. , liderança, inteligência, personalidade), existem várias definições que tentam explicar o que é a inteligência emocional.
As três definições sobre o que é a Inteligência Emocional
A investigação no campo da inteligência emocional é dominada por três autores: Reuven Bar-On, Peter Salovey e John Mayer e Daniel Goleman. Cada um deles, define o que é a inteligência emocional de forma diferente:
- Reuven Bar-On: encara a inteligência emocional como o entendimento do próprio e dos outros, o relacionamento interpessoal e a capacidade de lidar com as exigências do ambiente;
- Peter Salovey e John Mayer: definiram o conceito como “um subconjunto da inteligência social separada da inteligência geral, que engloba a habilidade de monitorizar os próprios sentimentos e emoções, bem como das outras pessoas, discriminar entre eles e utilizar esta informação para guiar o próprio pensamento e ações”;
- Daniel Goleman: inspirado pelo trabalho de Salovey e Mayer, iniciou a sua própria pesquisa na área, culminando com o lançamento do seu livro que popularizou o tema. Goleman descreveu a inteligência emocional como “a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, motivar-nos e gerir as emoções em nós próprios e nas nossas relações”.
Os três grandes modelos da Inteligência Emocional
A forma como cada autor define o que é a inteligência emocional, também se verifica nos diferentes modelos que cada um defende. Esses são os modelos de habilidades, misto e de traço.
Modelo de Habilidades
Este modelo vê as emoções como uma fonte de informação útil e que nos ajuda a dar sentido ao meio ambiente e a navegar no meio social de forma eficaz.
O modelo propõe que os indivíduos variam na sua habilidade de processar informação e de relacionar o processamento emocional com a cognição. Existem quatro tipo de habilidades neste modelo e na sua relação com o que é a inteligência emocional:
- Percecionar emoções: a habilidade de detetar e decifrar emoções nos outros bem como em nós próprios. Percecionar emoções é um aspeto básico da inteligência emocional, pois torna possível todo o restante processamento emocional;
- Utilizar emoções: a habilidade para utilizar emoções para facilitar várias atividades cognitivas, como o pensamento e a resolução de problemas;
- Entender emoções: a habilidade de compreender a linguagem das emoções e apreciar as relações complexas entre estas. Engloba a capacidade de ser sensível a pequenas variações entre emoções e reconhecer e descrever como as emoções evoluem ao longo do tempo;
- Gerir emoções: a habilidade de regular emoções em nós e nos outros.
Modelo Misto
Este modelo foi introduzido por Daniel Goleman e foca-se na inteligência emocional como um conjunto de competências que levam ao aumento do desempenho pessoal. Este modelo e a sua visão sobre o que é a inteligência emocional, realça quatro construtos principais:
- Autoconsciência: a capacidade de conhecer as próprias emoções, pontos fortes, pontos fracos, valores e objetivos;
- Autoregulação: envolve controlar ou redirecionar os impulsos e emoções disruptivas e adaptar-nos às circunstâncias do dia-a-dia;
- Consciência social: capacidade para percecionar, entender e reagir às emoções dos outros enquanto se compreende as ligações sociais;
- Gerir relacionamentos: capacidade de inspirar, influenciar e desenvolver outros enquanto se gere os conflitos.
Modelo de Traço (Trait model)
Este modelo é considerado ser uma constelação de autoperceções emocionais localizadas num nível inferior da personalidade, significando que o modelo de traço se refere às perceções do próprio sobre as suas habilidades emocionais. O modelo de Reuven Bar-On encontra-se mais associado ao modelo de traço, englobando cinco componentes e quinze subcomponentes:
- Intrapessoal
- Autoconfiança
- Autoatualização
- Autoconsciência emocional
- Interpessoal
- Relacionamentos interpessoais
- Empatia
- Responsabilidade social
- Tomada de Decisão
- Resolução de problemas
- Teste de realidade
- Resistência ao impulso
- Autoexpressão
- Expressão emocional
- Assertividade
- Independência
- Gestão de Stress
- Flexibilidade
- Tolerância ao Stress
- Optimismo
Conclusão
Entender o que é a inteligência emocional é dar o primeiro passo para um desenvolvimento pessoal e profissional mais profundo.
As diferentes definições de Goleman, Salovey e Mayer, e Bar-On oferecem uma visão rica e diversificada deste conceito, sublinhando a sua importância nas várias esferas da vida.
Através da inteligência emocional, podemos não só compreender melhor a nós mesmos e aos outros, mas também navegar de forma mais eficaz no mundo complexo e desafiador em que vivemos.