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O Contágio Emocional

O contágio emocional é um fenómeno que se dá quando as emoções e comportamentos de uma pessoa, afetam as emoções e comportamentos de outra pessoa.

Este fenómeno tem sido reconhecido na literatura psicológica como um tipo de influência interpessoal. Este contágio emocional ocorre frequentemente a um nível pouco consciente.

Sigal Barsade, professora e investigadora na área da inteligência emocional e cultura organizacional, tem feito alguns estudos sobre o impacto do contágio emocional.

Em um dos estudos feitos, dividiram alunos de uma escola de gestão em pequenos grupos para um exercício simulado. Cada um tinha de desempenhar um papel como líder de um departamento que queria dar um aumento de salário a um funcionário com base no seu mérito. Ao mesmo tempo, todos os estudantes eram parte de um “comité de salário”, negociando como melhor alocar o dinheiro disponível, que era limitado, para tentar arranjar um equilíbrio entre o seu funcionário e o benefício da empresa.

Cada grupo tinha um ator infiltrado, treinado para gerar quatro estados emocionais diferentes, dois positivos (entusiasmo e sentimento caloroso) e dois negativos (irritabilidade e um estado depressivo).

No final, os grupos que tinham sido contagiados de forma positiva, experienciaram um aumento positivo do seu humor. Mas o contágio emocional não parou aí. Esses grupos também demonstraram mais cooperação, menos conflito interpessoal e sentiram que desempenharam melhor na sua tarefa do que os grupos em que foram contagiados por emoções desagradáveis. Adicionalmente, os grupos em que as pessoas experienciaram emoções positivas, tomaram melhores decisões, alocando o dinheiro de forma mais justa.

Quando foi perguntado porque é que pensavam que tinham tido um melhor desempenho, eles apontaram para fatores como a sua capacidade de negociar ou as qualidades dos seus candidatos. Não tinham qualquer ideia de que os seus comportamentos e decisões foram afetados pela emoção sentida.

Isto significa que o contágio emocional existe no nosso local de trabalho, diariamente e somos afetados no nosso desempenho, sem nos apercebermos.

Devemos então, ter atenção aos estados emocionais das outras pessoas, pois elas vão-nos contagiar, mudando a forma como nos sentimos, pensamos e agimos.

E, ao mesmo tempo, também devemos ter atenção em como é que contagiamos as pessoas à nossa volta. Porque este contágio pode ter consequências devastadoras.

O ser humano é um ser social. Temos uma necessidade básica de pertencer a outros grupos e esta necessidade está profundamente enraizada na nossa história evolucionária.

Não conseguíamos ter sobrevivido até aos dias de hoje, se não nos tivéssemos mantido em grupos e dependendo dos indivíduos desses grupos. Quando esta necessidade de pertença não é respeitada, tem inúmeras consequências no bem-estar psicológico, emocional e físico. No entanto, é muito comum existir divisão de grupos nos locais de trabalhos.

Colegas que desenvolvem laços apenas com outros colegas que consideram como “semelhantes” e deixam de interagir com aqueles que não encontram tanto em comum. Esta forma de rejeição social, causa inúmeros prejuízos no nosso funcionamento social e no desempenho coletivo da empresa. Mas a rejeição pessoal não vem só através destas interações mais diretas com os colegas de trabalho.

Se um colaborador não for considerado para uma promoção quando achava que merecia, quando não é escolhido para um projeto que se candidatou, quando o seu chefe adia várias vezes uma reunião que pediu ou quando é publicamente criticado por um erro que fez, o seu cérebro sente-se rejeitado.

Nathan Dewall, Psicólogo da Universidade de Kentucky tem investigado o impacto da rejeição social e verificou que esta aumenta a raiva, ansiedade, níveis de depressão e tristeza, prejudicando o desempenho e contribuindo para um baixo autocontrolo.

DeWall também indica que as pessoas que se sentem rejeitadas diariamente, têm uma pior qualidade de sono e o seu sistema imunitário também é afetado.

E a rejeição social vai ainda mais longe.

Naomi Einsenberger, uma investigadora da Universidade de Columbia, descobriu que a rejeição social ativa áreas cerebrais semelhantes à dor física. Einsenberger diz que no que toca ao cérebro, um “coração partido” não é assim tão diferente de um braço partido.

Infelizmente, é muito comum vermos casos de exclusão e rejeição social em escolas e nos locais de trabalho.

Este é um tema muito importante e que temos de estar atentos, agora que a ciência tem vindo a demonstrar o impacto que tem no estado psicológico e físico da pessoa que se sente rejeitada.

Devemos estar atentos no local de trabalho aos relacionamentos que são fomentados e como são fomentados.

Todos devem-se sentir incluídos, pois isto causa um impacto sistémico, que vai desde a saúde do colaborador aos resultados da organização, bem a uma redução do bem-estar e satisfação familiar.

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