Porque é que algumas pessoas são resilientes e outras não?
Quais os fatores que estão por trás da resiliência?
A Resiliência
A resiliência é um termo que é mais frequentemente definido como a “adaptação positiva apesar da adversidade” (Luthar, 2006). Nesta visão, a resiliência requer a presença de risco ou adversidade.
Hunth (1999) conceptualiza a resiliência num continuum com dois polos: resiliência menos ótima até à resiliência ótima. A resiliência menos ótima inclui a utilização de violência, comportamentos de risco elevado e afastamento social e emocional.
Quando as pessoas são confrontadas com desafios, podem sucumbir ou podem responder de uma de três formas: sobreviver, recuperar ou prosperar (O’Leary, 1998).
Sobreviver (linha A): implica que uma pessoa continua a funcionar de forma deficitária. Por exemplo, uma vítima de um crime violento em que o trauma do evento causou tanto medo de que a pessoa tem medo de sair de casa e por isso é incapaz de voltar ao trabalho e continuar a sua vida.
Recuperar (linha B): indica o retorno à sua linha de base. Depois do decréscimo no nível de funcionamento associado a um desafio inicial, a pessoa é capaz de voltar aos seus níveis prévios de funcionamento social e psicológico. Por exemplo, alguém que tem um caso de cancro na mama e que após o tratamento, os seus níveis de energia voltam ao normal e é capaz de voltar à sua vida de forma idêntica a como fazia antes do evento.
Prosperar (Linha C): representa a capacidade de ir além do nível original do funcionamento psicossocial, de crescer de forma vigorosa, de florescer. Prosperar manifesta-se em três domínios: comportamentalmente, cognitivamente e emocionalmente. Por exemplo, alguém que sofre uma doença debilitadora e inspira-se na sua doença para ajudar outras pessoas na mesma situação e transforma a sua vida e de outros.
Modelos de Resiliência
A investigação sobre a resiliência levou ao desenvolvimento de três modelos principais: o modelo compensatório, o modelo de desafio e o modelo de fatores protetores (O’Leary, 1998).
O Modelo Compensatório
O modelo compensatório olha para a resiliência como um fator que neutraliza a exposição ao risco. Os fatores de risco e fatores compensatórios contribuem de forma independente para a previsão do resultado.
Alguns autores defendem quatro características centrais de jovens adultos considerados resilientes (Werner & Smith, 2001):
- Abordagem ativa em relação à resolução de problemas
- Uma tendência para percecionar experiências de forma positiva, mesmo em sofrimento
- A capacidade de obter a atenção positiva das outras pessoas
- Uma forte confiança na fé em manter uma visão positiva da vida
O Modelo de Desafio
O modelo de desafio sugere que se um fator de risco não for muito grande, pode realmente aumentar a adaptação de uma pessoa. Ou seja, serve como preparação, como inoculação ao próximo desafio (O’Leary, 1998).
Então, pouco stress é não é desafiante o suficiente e elevados níveis de stress resultam em disfunção.
O Modelo de Fatores Protetores
O modelo de fatores protetores defende que existe uma interação entre fatores de risco e protetores, que reduzem a probabilidade de um resultado negativo e modera o efeito da exposição ao risco.
Neste modelo, é indicado que estes fatores protetores potenciam resultados positivos, apesar das circunstâncias aversivas da vida. Estes fatores incluem (Ungar, 2004):
- Competências de gestão emocional
- Competências interpessoais
- Competências académicas e profissionais
- Capacidade para restaurar a autoestima
- Competências de planeamento
- Habilidades de resolução de problemas
Concluímos que os vários modelos estudados sobre a resiliência mostram um padrão: a resiliência pode ser treinada.
Embora certas competências podem ser mais inatas para alguns do que para outros, são competências que podemos desenvolver para nos tornarmos mais resilientes.