Quanto mais importante o cargo numa empresa/organização, maior a probabilidade de ficarmos com um ego inflacionado, mais conhecido como “ego inchado”.
À medida que se sobe na hierarquia de uma empresa/organização, por norma adquire-se igualmente mais poder e, com isso, torna-se mais provável que as pessoas à nossa volta se tornem mais propensas a agradar-nos, a ouvirem-nos com mais atenção, a concordarem mais e a rirem-se mais das nossas piadas.
Basicamente, fazem-nos sentir “a última bolacha do pacote” e tudo isso faz cócegas no nosso ego, porque todos nós gostamos que gostem de nós. E quanto mais o nosso ego sofre cócegas, mais se sente agradado e, consequentemente, mais ele crescerá.
O nosso ego é como um alvo e quanto maior, mais vulnerável de ser atingido.
Como o nosso ego anseia por atenção positiva, pode tornar-nos mais suscetíveis a sermos manipulados, porque ficamos mais previsíveis. Um ego inflacionado estreita a perspetiva porque apenas se foca em informações que confirmam o que ele quer acreditar. Basicamente, um ego inflacionado faz-nos ter um forte viés de confirmação. E, por isso, perdemos a perspetiva e acabamos numa bolha de liderança onde só vemos e ouvimos o que queremos.
Quando somos vítimas da nossa própria necessidade de sermos vistos como ótimos, acabamos por tomar decisões que não só nos são prejudiciais, como o são para a nossa empresa, equipa e pares. Como resultado, perdemos o contacto com as pessoas que lideramos, com a cultura da qual fazemos parte e, finalmente, com nossos clientes e partes interessadas.
Quando acreditamos que somos o único arquiteto do nosso sucesso, tendemos a ser mais rudes e egoístas, criando um muro defensivo que nos impede de aprender com os erros.
Especialistas em neurologia, psiquiatria e ciências comportamentais chamam a este fenómeno de “síndrome de húbris”, em que se define como uma desordem comportamental fruto da posse de poder e influência, particularmente associados a um sucesso esmagador por um largo período de anos.
Quando isto acontece, é necessária uma rutura de hábitos e requer abnegação, autoconsciência e coragem.
Estratégias para quebrar um ego inflacionado:
- Considerar todos os privilégios associados a uma determinada função e que têm como único objetivo promover apenas o status e o poder (ou seja, são totalmente inócuos ao desempenho da função): tal como um lugar reservado no estacionamento ou uma chave de elevador de acesso direto ao andar do escritório, entre outros. Abdicar publicamente desses privilégios;
- Apoiar, desenvolver e trabalhar com pessoas que não alimentam egos. Contrate pessoas emocionalmente inteligentes, assertivas e confiantes que não sentem necessidade ou obrigação de alimentar egos;
- Criar o hábito diário de refletir sobre as pessoas que tornam possível o sucesso desse dia. Isto ajuda a desenvolver uma cultura de gratidão e humildade que permite interiorizar a importância de todos os elementos de uma empresa/organização e partes interessadas. Mais do que desenvolver o sentimento de gratidão e humildade, há que genuinamente demonstrá-lo diariamente.
O ego inflacionado desenvolve-se com o sucesso – o salário maior, o escritório mais agradável, as risadas fáceis – fazendo-nos sentir como se tivéssemos encontrado a resposta eterna de como se deve ser um líder. Mas, a realidade, é que essa resposta eterna não existe.
Se deixarmos nosso ego determinar o que vemos, o que ouvimos e em que acreditamos, deixamos que o nosso sucesso passado, prejudique o nosso sucesso futuro.
Liderança é sobre pessoas e as pessoas mudam todos os dias. A partir do momento em que acreditamos que encontrámos a chave-mestra para liderar pessoas, acabámos de perder.
Tradução livre e adaptada: